quinta-feira, 9 de maio de 2013

Fernando Pessoa - biografia


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Fernando Antônio Nogueira Pessoa nasceu em 13 de junho de 1888 em Lisboa. Em 1893 morre seu pai e em 1894, seu irmão, Jorge. No ano seguinte, sua mãe casa-se com João Miguel Rosa, cônsul português em Durban, na África do Sul. Em 1896, a família parte para Durban onde Fernando Pessoa estuda e aprende o inglês. Em 1905, ele regressa definitivamente a Lisboa, com intenção de se inscrever no Curso Superior de Letras. Lê Shakespeare, Wordsworth e filósofos gregos e alemães. Toma contato com a poesia francesa, especialmente a de Baudelaire e lê os poetas portugueses Cesário Verde e Camilo Pessanha. Em 1907, abandona o curso superior e monta uma tipografia que mal chega a funcionar. No ano seguinte, começa a trabalhar como correspondente estrangeiro em casas comerciais, profissão que exerceu até a morte. Pessoa escolhe uma vida discreta, mas livre, sem obrigações fixas, nem horários.
Tudo vale a pena se a alma não é pequena
Fonte: O Pensador
Em 1912, Pessoa inicia sua colaboração na revista A Águia. Inicia correspondência com Mário de Sá-Carneiro que, de Paris, manda a Pessoa notícias do Cubismo e do Futurismo. Pessoa escreve, em inglês, o poema Epithalamiun e, em português, o drama O Marinheiro. Vai elaborando o projeto de vários livros e traz um novo movimento: o Paulismo, tudo isso no ano de 1913. No ano seguinte, publica Paúis, sob o título de Impressões do Crepúsculo e aparecem os heterônimos*: Alberto Caeiro e seus discípulos Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Fernando Pessoa compõe Ode Triunfal, encaminhando-se para o Sensacionismo e para o Futurismo, sob o heterônimo de Álvaro de Campos. Compõe ainda Chuva Oblíqua (poesia ortonímica), delineando o Interseccionismo.

Em 1915, surge a revista Orpheu, marco do Modernismo em Portugal. O primeiro número, dirigido por Luís Montalvor e Ronald de Carvalho, publica os poemas Ode Triunfal e Opiário (Álvaro de Campos) e O Marinheiro (Fernando Pessoa). No segundo número, saem Chuva Oblíqua e Ode Marítima. No mesmo ano, Fernando Pessoa inicia-se no esoterismo, traduzindo um Tratado de Teosofia. Em 1919, escreve Poemas Inconjuntos, assinados por Alberto Caeiro, apesar deste ter morrido em 1915. Em 1920, Pessoa passa a morar com sua mãe, que regressara, viúva, da África do Sul. Ela falece em 1925. Cinco anos depois, Pessoa escreve mais poemas, assinados por seus heterônimos. Em 1934, publica Mensagem, livro de poemas de cunho místico-nacionalista, única obra em português publicada em vida. Em 1935, no dia 30 de novembro, no Hospital São Luís, em Lisboa, morre Fernando Pessoa.
Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?
Fonte: O Pensador


*Os heterônimos (diz-se de autor que publica um livro sob o nome verdadeiro de outra pessoa)

Os principais heterônimos de Fernando Pessoa são:

1- Alberto Caeiro, nascido em Lisboa em 16 de abril de 1889 - o mais objetivo dos heterônimos. Busca o objetivismo absoluto, eliminando todos os vestígios da subjetividade. É o poeta que se volta para a fruição direta da Natureza; busca "as sensações das coisas tais como são". Opõe-se radicalmente ao intelectualismo, à abstração, à especulação metafísica e ao misticismo. Neste sentido, é o antípoda de Fernando Pessoa "ele-mesmo", é a negação do mistério, do oculto.

Coerente com a posição materialista, anti-intelectualista  adota uma linguagem simples, direta, com a naturalidade de um discurso oral. Os versos simples e diretos, próximos do livre andamento da prosa, privilegiam o nominalismo, a "sensação das coisas tais como são". É o menos "culto" dos heterônimos, o que menos conhece a Gramática e a Literatura. Mas, sob a aparência exterior de uma justaposição arbitrária e negligente de versos livres, há uma organização rítmica cuidada e coerente. Caeiro é o abstrador paradoxalmente inimigo de abstrações; daí a secura e pobreza lexical de seu estilo.

2- Ricardo Reis, nascido no Porto em 19 de setembro de 1887 - representa a vertente clássica ou neoclássica da criação de Fernando Pessoa. Sua linguagem é contida, disciplinada. Seus versos são, geralmente, curtos, tendendo à vernaculidade e ao formalismo. Tem consciência da fugacidade do tempo; apóia-se na mitologia greco-romana; apresenta-nos uma musa (Lídia) e, filosoficamente, é adepto do estoicismo e do epicurismo (saúde do corpo e da mente, equilíbrio, harmonia) para que se possa aproveitar a vida, mas sem exageros, sossegadamente, porque a morte está à espreita. Médico que se mudou para o Brasil.

3- Álvaro de Campos, nascido no Porto em 19 de setembro de 1887 - é o lado "moderno" de Fernando Pessoa, caracterizado por uma vontade de conquista, por um amor à civilização e ao progresso, por uma linguagem de tom irreverente. Essa modernidade tem ligações claras com o cosmopolita Cesário Verde, com Walt Whitman e com o Futurismo. Sentindo e intelectualizando suas sensações (sentir e pensar), Campos percebe a impossibilidade de não pensar, observa criticamente o mundo e a si próprio, angustiando-se diante do tempo inexorável e do absurdo da vida. Apresenta-se como o engenheiro inativo, inadaptado, inconciliado, com consciência crítica.
Obras de Fernando Pessoa

· Do Livro do Desassossego
· Ficções do interlúdio: para além do outro oceano
· Na Floresta do Alheamento
· O Banqueiro Anarquista
· O Marinheiro
· Por ele mesmo

Poesias de Fernando Pessoa
· A barca
· Aniversário
· Autopsicografia
· À Emissora Nacional
· Amei-te e por te amar...
· Antônio de Oliveira Salazar
· Autopsicografia
· Elegia na Sombra
· Isto
· Liberdade
· Mar português
· Mensagem
· Natal
· O Eu profundo e os outros Eus
· O cancioneiro
· O Menino da Sua Mãe
· O pastor amoroso
· Poema Pial
· Poema em linha reta
· Poemas Traduzidos 
· Poemas de Ricardo Reis
· Poesias Inéditas 
· Poemas para Lili
· Poemas de álvaro de Campos
· Presságio
· Primeiro Fausto
· Quadras ao gosto popular
· Ser grande
· Solenemente
· Todas as cartas de amor...
· Vendaval

Prosas de Fernando Pessoa
· Pessoa e o Fado: Um Depoimento de 1929
· Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação
· Páginas de Estética e de Teoria e de Crítica Literárias

Obras do heterônimo Alberto Caeiro
· O Guardador de Rebanhos
· O guardador de rebanhos - XX
· A Espantosa Realidade das Cousas
· Um Dia de Chuva
· Todos os Dias
· Poemas Completos
· Quando Eu não tinha
· Vai Alta no Céu a lua da Primavera
· O Amor é uma Companhia
· Eu Nunca Guardei Rebanhos
· O Meu Olhar
· Ao Entardecer
· Esta Tarde a Trovoada Caiu
· Há Metafísica Bastante em Não Pensar em Nada
· Pensar em Deus
· Da Minha Aldeia
· Num Meio-Dia de Fim de Primavera
· Sou um Guardador de Rebanhos
· Olá, Guardador de Rebanhos
· Aquela Senhora tem um Piano
· Os Pastores de Virgílio
· Não me Importo com as Rimas
· As Quatro Canções
· Quem me Dera
· No meu Prato
· Quem me Dera que eu Fosse o Pó da Estrada
· O Luar
· O Tejo é mais Belo
· Se Eu Pudesse
· Num Dia de Verão
· O que Nós Vemos
· As Bolas de Sabão
· às Vezes
· Só a Natureza é Divina
· Li Hoje
· Nem Sempre Sou Igual
· Se Quiserem que Eu Tenha um Misticismo
· Se às Vezes Digo que as Flores Sorriem
· Ontem à Tarde
· Pobres das Flores
· Acho tão Natural que não se Pense
· Há Poetas que são Artistas
· Como um Grande Borrão
· Bendito seja o Mesmo Sol
· O Mistério das Cousas
· Passa uma Borboleta
· No Entardecer
· Passou a Diligência
· Antes o Vôo da Ave
· Acordo de Noite
· Um Renque de árvores
· Deste Modo ou Daquele Modo 

Obras do heterônimo Álvaro de Campos 
· Acaso
· Acordar
· Adiamento
· Afinal
· A Fernando Pessoa
· A Frescura
· Ah, Onde Estou
· Ah, Perante
· Ah, Um Soneto
· Ali Não Havia
· Aniversário
· Ao Volante
· Apostila
· às Vezes
· Barrow-on-Furness
· Bicarbonato de Soda
· O Binômio de Newton
· A Casa Branca Nau Preta
· Chega Através
· Cartas de amor 
· Clearly Non-Campos!
· Começa a Haver
· Começo a conhecer-me. Não existo
· Conclusão a sucata !... Fiz o cálculo
· Contudo
· Cruz na Porta
· Cruzou por mim, veio ter comigo, numa rua da Baixa
· Datilografia
· Dela Musique
· Demogorgon
· Depus a Máscara
· Desfraldando ao conjunto fictício dos céus estrelados
· O Descalabro
· Dobrada à morda do Porto
· Dois Excertos de Odes
· Domingo Irei
· Escrito Num Livro Abandonado em Viagem
· Há mais
· Insônia
· O Esplendor
· Esta Velha
· Estou
· Estou Cansado
· Eu
· Faróis
· Gazetilha
· Gostava
· Grandes
· Há Mais
· Lá chegam todos, lá chegam todos... 
· Lisboa
· O Florir
· O Frio Especial
· Lisbon Revisited - l923
· Lisbon Revisited - 1926
· Magnificat
· Marinetti Acadêmico
· Mas Eu
· Mestre
· Na Casa Defronte
· Na Noite Terrivel
· Na Véspera
· Não Estou
· Não, Não é cansaço
· Não: devagar
· Nas Praças
· Psiquetipia (ou Psicotipia)
· Soneto já antigo
· The Times 

Obras do heterônimo Ricardo Reis
· A Abelha
· A Cada Qual
· Acima da verdade
· A flor que és
· Aguardo
· Aqui
· Aqui, dizeis
· Aqui, neste misérrimo desterro
· Ao Longe
· Aos Deuses
· Antes de Nós
· Anjos ou Deuses
· A palidez do dia
· Atrás não torna
· A Nada Imploram
· As Rosas
· Azuis os Montes
· Bocas Roxas
· Breve o Dia
· Cada Coisa
· Cada dia sem gozo não foi teu
· Cancioneiro 
· Como
· Coroai-me
· Cuidas, índio
· Da Lâmpada
· Da Nossa Semelhança
· De Apolo
· De Novo Traz
· Deixemos, Lídia
· Dia Após Dia
· Do que Quero
· Do Ritual do Grau de Mestre do átrio na Ordem Templária de Portugal
· Domina ou Cala
· Eros e Psique 
· Estás só. Ninguém o sabe
· Este seu escasso campo
· é tão suave
· Feliz Aquele
· Felizes
· Flores
· Frutos
· Gozo Sonhado
· Inglória
· Já Sobre a Fronte
· Lenta, Descansa
· Lídia
· Melhor Destino
· Mestre
· Meu Gesto
· Nada Fica
· Não a Ti, Cristo, odeio ou te não quero
· Cristo Não a Ti, Cristo, odeio ou menosprezo
· Não Canto
· Não Consentem
· Não queiras
· Não quero, Cloe, teu amor, que oprime
· Não quero recordar nem conhecer-me
· Não Só Vinho
· Não só quem nos odeia ou nos inveja
· Não sei de quem recordo meu passado
· Não Sei se é Amor que TenS
· Não Tenhas
· Nem da Erva
· Negue-me
· Ninguém a Outro Ama
· Ninguém, na vasta selva virgem
· No Breve Número
· No Ciclo Eterno
· No Magno Dia
· No mundo, Só comigo, me deixaram
· Nos Altos Ramos
· Nunca
· Ouvi contar que outrora
· Olho
· O que Sentimos
· Os Deuses e os Messias
· O Deus Pã
· Os Deuses
· O Ritmo Antigo
· O Mar Jaz
· O Sono é Bom
· O Rastro Breve
· Para os Deuses
· Para ser grande, sê inteiro: nada
· Pesa o Decreto
· Ponho na Altiva
· Pois que nada que dure, ou que, durando
· Prazer
· Prefiro Rosas
· Quanta Tristeza
· Quando, Lídia
· Quanto faças, supremamente faze
· Quem diz ao dia, dura! e à treva, acaba!
· Quer Pouco
· Quero dos Deuses
· Quero Ignorado
· Rasteja Mole
· Sábio
· Saudoso
· Segue o teu destino
· Se Recordo
· Severo Narro
· Sereno Aguarda
· Seguro Assento
· Sim
· Só o Ter
· Só Esta Liberdade
· Sofro, Lídia
· Solene Passa
· Se a Cada Coisa
· Sob a leve tutela
· Súbdito Inútil
· Tão cedo passa tudo quanto passa!
· Tão Cedo
· Tênue
· Temo, Lídia
· Tirem-me os Deuses
· Tudo que Cessa
· Tuas, Não Minhas
· Uma Após Uma
· Uns
· Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio
· Vivem em nós inúmeros
· Vive sem Horas
· Vossa Formosa 

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